terça-feira, 22 de novembro de 2016




Acessibilidade e Inclusão


A acessibilidade não se restringe apenas ao conceito arquitetônico como comumente se imagina, ou seja, não se refere apenas à construção de rampas, banheiros adaptados, etc. O termo acessibilidade se amplia em diversos campos como a acessibilidade atitudinal, comunicacional, instrumental, dentre outras. O sentido da acessibilidade se concretiza quando estabelece equiparação de oportunidades a todos em todas esferas da vida social.

Importante ressaltar que o conceito não fica restrito à um determinado grupo de pessoas ou características da pessoa mas sim do ambiente. Neste contexto entende-se que a acessibilidade visa um ambiente no qual todos possam obter qualidade de vida. O contexto da acessibilidade é crucial para  a inclusão e o Direito Humano. 

No entanto a acessibilidade para alcançar a inclusão necessita perpassar todos os campos sociais e romper barreiras atitudinais e conceitos antigos no qual a deficiência necessita ser sanada ou resolvida visando o ajuste da pessoa à sociedade. Neste conceito o indivíduo necessita por intermédio do campo médico solucionar seu problema e se integrar na sociedade que não foi construída para todos. Trata-se do Modelo Médico que perdurou por longos anos na sociedade e norteou um paradigma que não responsabiliza a sociedade pela seu papel na inclusão.

No entanto um novo paradigma inclusivo denominado Modelo Social está em processo. Neste paradigma perpassa a responsabilização da sociedade na construção da inclusão. A ela cabe tanto o compromisso quanto a oferta da acessibilidade aos cidadãos onde todos possam exercer sua autonomia de forma plena e independente.  Este novo olhar possibilita a convivência de todos e o acesso aos bens sociais atendendo o Direito Humano. Afinal somente assim estaremos concretizando a Inclusão. Somos todos diferentes e unidos pela rica diversidade que nos permeia, cada qual com sua especificidade e necessidades. 

#PraCegoVer - (a imagem apresenta duas garotas com as mãos dadas e sorrindo, sendo que uma é cadeirante usando vestido verde e cabelos soltos e a outra está em pé com vestido amarelo e cabelos avermelhados soltos, ambas estão rodopiando e dançando)

terça-feira, 27 de setembro de 2016

A PESSOA COM DEFICIÊNCIA EM MINHA VIDA







Quando cursava o ensino básico era raro ver pessoas com deficiência no entanto tenho uma recordação de um aluno no pátio da escola. Não era frequente vê-lo mas quando aparecia ficava no canto, isolado. Este aluno, com diagnóstico de paralisia cerebral, ficava alheio a tudo e na época também não tínhamos contato com pessoas com deficiência mas percebia que as crianças não se aproximavam dele. Era muito triste. Passado um tempo, este aluno sumiu e nunca mais o vi. Depois compreendi a questão e o quanto deve ter sido negligenciado.

No colégio e no ensino superior também não me recordo de pessoas com deficiência pois a escola não "era para eles" pelo menos quando me lembro das escolas que frequentei, todas tinham escadas imensas e andares também, sem qualquer acessibilidade.

Na época de minha docência uma aluna com baixa visão se inscreveu para as aulas de inglês. A escola não me avisou apesar da família ter comunicado. A aluna também não se manifestou mas percebi durante a aula que tinha dificuldades e foi conversando que descobri que a aluna possuía baixa visão. Busquei me informar e estudar e mesmo assim me senti despreparada para as aulas. Não tive qualquer formação na área ou cabedal de conhecimento e ferramentas que me auxiliassem e tampouco a escola e coordenadores possuíam. A ideia foi buscar conhecimento em palestras, livros, sites e discutí-los com os pares e colegas. Descobrimos algumas ferramentas uteis e as utilizamos porém senti que seria um enorme desafio. A aluna persistiu e com o material adaptado obteve seu certificado. Ficamos felizes mas vejo que temos um longo caminho a percorrer e muito a aprender sobre inclusão e educação inclusiva. 

Há um ano ingressei no curso de Libras e esta vontade surgiu após ter alunos surdos em sala de aula e vivenciar dificuldades no processo aprendizagem destes alunos bem como a "angústia" de estabelecer canal efetivo de aprendizado e comunicação. Sei que tenho um longo caminho mas o importante foi  ter dado o primeiro passo e saber que não estamos sós pois o conhecimento quando efetivado em  troca de experiências pode ser muito enriquecedor.